Instalação de Andrés Jaque na Bienal de Veneza explora o fascínio da arquitetura pelo brilho e seu custo social e ambiental

O Office for Political Innovation, liderado por Andrés Jaque, colaborou com uma rede de ativistas e representantes da comunidade de Xholobeni, África do Sul, especialistas em sismógrafos e transdução da Polônia, além de pesquisadores e editores de som para trazer uma instalação ao Arsenale durante a 18ª Bienal de Arquitetura de Veneza. Intitulada XHOLOBENI YARDS. Titanium and the Planetary Making of SHININESS / DUSTINESS, a intervenção aborda o problemático fascínio da arquitetura pelo brilho.

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A instalação explora a busca por materiais brilhantes e reflexivos, as formas muitas vezes problemáticas de alcançá-los, baseadas no extrativismo de diferentes regiões do planeta, e a distribuição transnacional de sua produção. A intervenção compara esse desejo pelo brilho com a poeira resultante da extração e garimpo — e seu efeito nos ecossistemas humanos e mais-que-humanos ao redor.

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XHOLOBENI YARDS-Andres Jaque. Image © Miguel de Guzman-OFFPOLINN

A imagem do Hudson Yards em Manhattan é o resultado da aplicação de revestimento de titânio nos vidros autolimpantes e nas fachadas. O brilho equivale a um símbolo de status para o mundo corporativo. A instalação visa destacar que essa imagem estética é baseada no extrativismo social, material e ecológico. O titânio usado no norte global é proveniente de Xholobeni, uma pequena área na costa leste da África do Sul. Ao retirar o titânio da areia, esta se torna volátil e acaba cobrindo de poeira os locais de extração e adjacências. A poeira, por sua vez, afeta os ecossistemas e comunidades locais que, impossibilitadas de práticar agricultura, são forçadas a migrar

O povo Xholobeni resiste à extração celebrando sua conexão com as terras e a natureza por meio de canções. A instalação em Veneza visa mobilizar “a capacidade da arquitetura de permitir que os corpos humanos sintam a violência que outros corpos sentem por meio do extrativismo humano e fornecer ambientes materiais e sociais para o cuidado mútuo e a resistência a esse extrativismo”, dizem os autores da obra. Ao destacar as estruturas temporárias, ecológicas e espaciais presentes nessas canções de resistência, a instalação faz um apelo a um futuro mais desejável.

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XHOLOBENI YARDS-Andres Jaque. Image © Farah Alkhoury-OFFPOLINN

A 18ª Exposição Internacional de Arquitetura da Bienal de Veneza abriu oficialmente ao público em 20 de maio de 2023, com um tema abrangente focado no continente africano como laboratório do futuro. Fazem parte do evento 63 pavilhões nacionais, dentre os quais o do Brasil, agraciado com o Leão de Ouro por sua exposição Terra, que tem curadoria de Gabriela de Matos e Paulo Tavares.

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XHOLOBENI YARDS-Andres Jaque. Image © Miguel de Guzman-OFFPOLINN

Ficha técnica:

  • Autoria: Andrés Jaque / Office for Political Innovation
  • Com Nohnle Mbthuma Forslund, Siyabonga Ndovela, Margie Pretorius, Sinegugu Zukulu, ACC (Amadiba Crisis Comittee) and SWC (Sustaining the Wild Coast), Steve Hoffe
  • José Luis Espejo, pesquisa e direção de som
  • Farah Alkhoury, pesquisa e gravações de campo
  • Roberto González, coordenação e design
  • Vivian Rotie e Pablo Sáiz del Río, fabricação
  • Jorge Cañón, consultor AV
  • Ignacio Farpón, consultor de iluminação
  • Wojciech Gajek e Michal Malinowsky, gravações sísmicas
  • Walter Ancarrow, edição de texto
  • Joseph Hazan, gravações de estúdio
  • Imagen Subliminal (Miguel de Guzmán + Rocío Romero), fotografias em Veneza
  • Farah Alkhoury, fotografias em Xholobeni
  • Com o apoio de: Columbia University Graduate School of Architecture, Planning and Preservation, TBA21–Academy, Acción Cultural Española (AC/E)

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Sobre este autor
Cita: Florian, Maria-Cristina. "Instalação de Andrés Jaque na Bienal de Veneza explora o fascínio da arquitetura pelo brilho e seu custo social e ambiental" [Shininess Explored: Andrés Jaque / Office for Political Innovation's Installation at the 2023 Venice Architecture Biennale] 06 Jun 2023. ArchDaily Brasil. (Trad. Baratto, Romullo) Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/1001910/instalacao-de-andres-jaque-na-bienal-de-veneza-explora-o-fascinio-da-arquitetura-pelo-brilho-e-seu-custo-social-e-ambiental> ISSN 0719-8906

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